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Sueli Maria Rutkowski

Não deixe soar em branco os sinos de Ouro Preto em sua próxima visita

Atualizado: 11 de set. de 2023

Mesmo que esteja apenas por um dia em Ouro Preto, não deixe soar em branco um dos sinos das muitas igrejas ouro-pretanas. Lendo esse texto, se calhar de um sino tocar em sua visita, você terá ideia do que pode estar acontecendo na cidade.


Com nomes e toques diferentes, os sinos das igrejas continuam a marcar o tempo em Ouro Preto: chamando para a missa, para as celebrações da Semana Santa e outras festividades religiosas e... até mesmo para comunicar a morte de um membro importante das irmandades e da comunidade.


DOS CHINESES AOS CATÓLICOS EUROPEUS


Segundo matéria publicada na revista Pesquisa Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), “os sinos foram criados por volta de 2 mil a.C. na China, sendo incorporados ao Cristianismo nos séculos VI e VII, servindo para marcar a passagem do tempo.


Eles anunciavam datas religiosas, mas na Europa em caso de guerras, serviram para comunicar fatos importantes, como a invasão de um povo inimigo ou até um incêndio”. 


SINOS PORTUGUESES NA RICA VILA RICA


Nos idos de 1700, eles chegaram por aqui trazidos pelos portugueses. A notícia que se tem é que o primeiro deles foi instalado na rica Capela do Padre Faria.



Ficou famoso quando foi transladado para Brasília para a inauguração da nova capital brasileira.


Outra história curiosa é a que o sino da Capela do Padre Faria tocou sem permissão no dia da morte de Tiradentes, no Largo da Lampadosa, no Rio de Janeiro, dia decretado ao luto e ao silêncio pela Coroa Portuguesa.



Depois vieram o grande "Bronze" da Basílica Matriz de Nossa Senhora do Pilar e, mais tarde, os dois sinos da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. O menor foi batizado de "Jerônimo" e o maior de "Elias".



O TOCAR DOS SINOS: BADALADAS E REPIQUES


Ainda hoje os sineiros tocam para chamar os fiéis para a missa: na Igreja Matriz do Pilar pela manhã e à noite na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. São toques ligeiros e quase alegres.


Para tirar todos esses sons dos sinos, a atividade do sineiro é um tanto perigosa e talvez, por isso, esteja fascinando os mais jovens a aprender com os velhos sineiros... Hoje já existem encontros de sineiros em cidades mais tradicionais.


Muitos dos sineiros têm formação musical, participam de bandas e grupos musicais ou pelo menos são bons de ouvido. E aprontam também! Já tivemos uns meninos repicando um rockzinho, mas os padres ficam de olho!!!!


Somente homems tocam e participam da fundição de um sino. A tradição oral diz que se uma mulher participa, o sino raja quando extraído de sua forma de fundição. E que se tocar, não se casa jamais... 


E mais, para o serviço é preciso ter força física de um homem. E coragem! Só para subir uma torre sineira, é preciso confiança. Elas são altas com escadas estreitas e íngremes, quase sempre em formato de caracol.


Estando lá na torre, o sineiro precisa “catar o sino”: ele segura uma corda, aproxima-se da beirada do parapeito da torre e projeta seu corpo para fora, enquanto empurra o sino para a frente para alcançar a estrutura de madeira acima do sino, virá-lo para baixo e fazê-lo começar a girar.


Só assim se iniciam as badaladas... à medida que o sino ganha movimento, girando no ar e fazendo com que o badalo bata com força em sua estrutura interna, para começar a emitir o som desejado pelo sineiro. Um repique de alegria ou de tristeza.


Gostou dessa curiosidade? Tens alguma que deseja saber? Me diz aí e pesquiso pra ti!


E fique atento ao soar do sinos em sua visita em Ouro Preto. Que tal curtindo um walking tour com sua Guia de Turismo em Ouro Preto?




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